Médiuns Responsáveis

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A mediunidade consciente, responsavelmente exercida, pode desempenhar um relevante papel, educativo e esclarecedor, entre as criaturas humanas.
Desvelando a face oculta da realidade espiritual e demonstrando que o homem é o semeador e o ceifeiro dos próprios atos, ela abre espaços culturais e mentais para uma existência feliz no domicílio carnal.
Nesse desiderato, cabe aos médiuns uma tarefa de magnitude, por serem eles os modernos profetas, por cuja organização física se dão as ocorrências, chamando a atenção dos inconscientes para a realidade do espírito e favorecendo com a crença racional aos que duvidam ou possuem um comportamento céptico em relaçãoà imortalidade.
Como qualquer outro ministério, a vivência mediínica saudável, responsável, impõe conduta segura ao homem, que lhe assume o compromisso.
Não é importante que a notoriedade lhe acompanhe os passos ou lhe exorne a personalidade. Pelo contrário, o labor anônimo favorece as possibilidades de êxito com mais rapidez e segurança do que o brilho ofuscante da popularidade, que asfixia e entorpece as melhores expressões da abnegação humana.
Calçando as sandálias da humildade, em atitude lícida, que informa ser apenas um instrumento e não o autor dos fenômenos, o médium se precavém dos vapores alucinantes do orgulho que envilece, como do bafio da presunção que o levaàs mistificações, quando as manifestações autênticas escasseiam.
O médium responsável resguarda-se na prudência e zela pela faculdade, evitando-lhe os choques vibratórios que partem da curiosidade malsã, quando em exibição desnecessária e sob o incenso da vacuidade.
Carl Gustav Jung relata que, febril vitimado por um processo de enfermidade do fígado, foi impelido a escrever a sua Reposta a Jó com celeridade, num total de cerca de cem páginas datilografadas, como se um espírito que nos agarra pela nuca  o atasse e comandasse, até o momento em que, concluindo, ficou curado.
Certamente atribuiu o fenômeno a uma ação arquetípica do inconsciente coletivo, impelido por emoções subjetivas , ele que não tomou conhecimento da doutrina espírita.
São João Crisótomo, no entanto, lícido, interpretando as epístolas de Paulo, era visto por outros monges, aureolado de peregrina luz, enquanto as escrevia.
Dante apareceu em sonho ao filho Jacobo, conforme narrou Boccacio, e mostrou-lhe o lugar onde guardava os Cantos do Céu, completando a sua Divina Comédia, na residência em que desencarnara, e ali foram encontrados.
O fenômeno consciente e a atitude responsável dos médiuns contribuíram, no passado, para fornecer as evidências da sobrevivência da alma, sem haverem recebido ônus outros de natureza material, que os faria incidir, embora inconscientemente, na simonia ocasional, fulgurando nos palcos transitórios do mundo, para desaparecerem depois.
Fernando de Lacerda demonstrou a comunicação dos mortos com os vivos, e, vítima de escárnio, permaneceu consciente, responsável, no dever abraçado.
Frederico Jínior fez-se instrumento de entidades venerandas, e continuou modesto no serviço de iluminação cristã.
Yvonne Pereira trabalhou silenciosamente, atendendo aos espíritos sofredores, e tornou-se extraordinário veículo de revelações do além-tímulo, sem permitir-se picar pela mosca azul da presunção.
Zilda Gama, após um labor relevante, na mediunidade responsável, desencarnou idosa e quase esquecida do píblico beneficiado pelos seus livros de consolo e beleza espitirual.
Os médiuns responsáveis são conhecidos pelos seus silêncios e equilíbrio.
Não têm pressa em ganhar a fama, nem dela necessitam.
Trabalham para um ideal que não remunera no mundo das formas.
Vanguardeiros de uma sociedade justa, que virá, no futuro, instam no bem e apagam-se no conforto aos que sofrem, gastando-se na ação da caridade, ao invés de ascenderem e repousarem na galeria brilhante das pessoas de relevo da sociedade.
Incompreendidos, são êmulos de Jesus, que passou pelo mundo amando, servindo, e, injustiçado, até hoje não encontrou lugar no coração dos homens.   
 
 
 
 
Espírito: Vianna de Carvalho
Médium: Divaldo P. Franco “ Médiuns e Mediunidades.

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