Positivamente, nunca houve nem haverá jamais, na Terra, outro
Mestre que se assemelhe a Jesus.
Seu método de ensino é simplesmente maravilhoso.
Servindose
de costumes da época ou de pormenores insignificantes do meio
ambiente, que a outrem passariam despercebidos, consegue Ele
ilustrar e objetivar suas lições sempre com tal clareza e
oportunidade que, tanto as pessoas mais cultas como as mais
simples, podem entender-lhe os ensinamentos, embora se
revistam de grande transcendência.
Como se sabe, na época em que Jesus esteve entre nós, os povos
viviam em cidades cercadas por muralhas, situadas, na maioria,
sobre colinas e montes, a fim de tornar difícil o assédio dos
inimigos, em caso de guerra.
Jerusalém era uma delas.
Fora edificada sobre três colinas,
separadas por vales profundos.
Para alcançá-la e nela penetrar, os
viandantes tinham de percorrer caminhos íngremes e pedregosos
e, como as portas que lhe davam ingresso eram fechadas ao pôr
do sol, os que se dirigiam para casa, ao fim do dia, esfalfavam-se
para os galgar depressa, pois, atrasando-se, ficavam de fora.
As veredas ásperas e escarpadas que conduziam os
hierosolimitas ao aconchego do lar, após as fadigas da jornada,
deram ao Mestre incomparável uma imagem precisa e
impressionante do caminho cristão, ou seja, das dificuldades que
as almas precisam vencer para, afinal, conquistarem a vida eterna.
“Larga é a porta e espaçoso o caminho que guia para a
perdição, disse Ele; por outro lado, quão estreita é a porta, e que
apertado o caminho que guia para a vida!” (Mateus, 7:13 e 14.
)
Realmente, como é amplo o caminho da perdição! Cabem nele,
sem aperto, grandes multidões.
Sua largueza é suficiente para
conter tipos das mais variadas tendências e inclinações: os
avarentos, os beberrões, os coléricos, os depravados, os
exploradores do próximo, os hipócritas, os invejosos, os soberbos,
os vingativos etc.
Cada qual pode fazer seja o que for, pode
entregar-se a todos os caprichos e desatinos, que haverá sempre
margem para tudo.
Esse caminho apresenta-se ainda luxuriosamente guarnecido
de belos atrativos, que fascinam e deleitam, oferecendo aos que
por ele transitam toda a sorte de sensações e comprazimentos.
Mas é declivoso, descendente, e vai dar em planos inferiores,
em regiões sombrias, onde há choro e ranger de dentes.
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Já o outro, o caminho da vida, é demasiado estreito para que
possa comportar todas as extravagâncias, opiniões e doutrinas
humanas; alcantilado demais para permitir a escalada dos tíbios,
dos preguiçosos, dos afeitos a comodidades.
Para o transpor, há mister de trabalho, disciplina, cooperação,
persistência, solidariedade, fé e sacrifícios sem conta.
De fato, a vida cristã impõe-nos tudo isso: esforço constante a
serviço do bem; policiamento de nossos atos, palavras e
pensamentos, no sentido de não transgredirmos as Leis Divinas;
auxílio fraterno de uns para com os outros, a fim de prevenir
quedas e desfalecimentos; ânimo e coragem para prosseguir na
caminhada, mesmo quando exaustos ou fustigados pela borrasca
das provações; piedade com os companheiros que nos seguem à
retaguarda, cujas fraquezas devemos amparar, ainda que
retardando, um pouco, o nosso próprio avanço; confiança na
bondade de Deus e sujeição de nossa vontade fútil e caprichosa
aos sábios desígnios da Providência; renúncia aos desejos
impuros, aos maus hábitos, aos prazeres mundanos e às ambições
egocêntricas.
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Sim, a trilha que conduz à evolução, ao progresso anímico, é
árdua, dificílima, motivo por que deve ser palmilhada
cuidadosamente, tais e tantos são os acidentes que lhe surgem à
esquerda e à direita.
Mas, assim como os caminhantes que demandavam Jerusalém,
após vencerem o penoso aclive, chegavam a penates, onde
encontravam o descanso e a alegria no convívio familiar, assim
também, quantos atinjam a meta de seus destinos: a perfeição,
libertam- se da cadeia dos renascimentos neste “vale de lágrimas”,
para ascenderem à glória da vida espiritual e fruírem, lá, a paz e a
felicidade reservadas aos justos.
Porfiemos, pois, por manter-nos no bom caminho!