OS DOIS CAMINHOS – Rodolfo Calligaris – O Sermão da Montanha 5/5 (2)

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Positivamente, nunca houve nem haverá jamais, na Terra, outro

Mestre que se assemelhe a Jesus.

Seu método de ensino é simplesmente maravilhoso.
Servindose

de costumes da época ou de pormenores insignificantes do meio

ambiente, que a outrem passariam despercebidos, consegue Ele

ilustrar e objetivar suas lições sempre com tal clareza e

oportunidade que, tanto as pessoas mais cultas como as mais

simples, podem entender-lhe os ensinamentos, embora se

revistam de grande transcendência.

Como se sabe, na época em que Jesus esteve entre nós, os povos

viviam em cidades cercadas por muralhas, situadas, na maioria,

sobre colinas e montes, a fim de tornar difícil o assédio dos

inimigos, em caso de guerra.

Jerusalém era uma delas.
Fora edificada sobre três colinas,

separadas por vales profundos.
Para alcançá-la e nela penetrar, os

viandantes tinham de percorrer caminhos íngremes e pedregosos

e, como as portas que lhe davam ingresso eram fechadas ao pôr

do sol, os que se dirigiam para casa, ao fim do dia, esfalfavam-se

para os galgar depressa, pois, atrasando-se, ficavam de fora.

As veredas ásperas e escarpadas que conduziam os

hierosolimitas ao aconchego do lar, após as fadigas da jornada,

deram ao Mestre incomparável uma imagem precisa e

impressionante do caminho cristão, ou seja, das dificuldades que

as almas precisam vencer para, afinal, conquistarem a vida eterna.

“Larga é a porta e espaçoso o caminho que guia para a

perdição, disse Ele; por outro lado, quão estreita é a porta, e que

apertado o caminho que guia para a vida!” (Mateus, 7:13 e 14.
)

Realmente, como é amplo o caminho da perdição! Cabem nele,

sem aperto, grandes multidões.
Sua largueza é suficiente para

conter tipos das mais variadas tendências e inclinações: os

avarentos, os beberrões, os coléricos, os depravados, os

exploradores do próximo, os hipócritas, os invejosos, os soberbos,

os vingativos etc.
Cada qual pode fazer seja o que for, pode

entregar-se a todos os caprichos e desatinos, que haverá sempre

margem para tudo.

Esse caminho apresenta-se ainda luxuriosamente guarnecido

de belos atrativos, que fascinam e deleitam, oferecendo aos que

por ele transitam toda a sorte de sensações e comprazimentos.

Mas é declivoso, descendente, e vai dar em planos inferiores,

em regiões sombrias, onde há choro e ranger de dentes.
.
.

Já o outro, o caminho da vida, é demasiado estreito para que

possa comportar todas as extravagâncias, opiniões e doutrinas

humanas; alcantilado demais para permitir a escalada dos tíbios,

dos preguiçosos, dos afeitos a comodidades.

Para o transpor, há mister de trabalho, disciplina, cooperação,

persistência, solidariedade, fé e sacrifícios sem conta.

De fato, a vida cristã impõe-nos tudo isso: esforço constante a

serviço do bem; policiamento de nossos atos, palavras e

pensamentos, no sentido de não transgredirmos as Leis Divinas;

auxílio fraterno de uns para com os outros, a fim de prevenir

quedas e desfalecimentos; ânimo e coragem para prosseguir na

caminhada, mesmo quando exaustos ou fustigados pela borrasca

das provações; piedade com os companheiros que nos seguem à

retaguarda, cujas fraquezas devemos amparar, ainda que

retardando, um pouco, o nosso próprio avanço; confiança na

bondade de Deus e sujeição de nossa vontade fútil e caprichosa

aos sábios desígnios da Providência; renúncia aos desejos

impuros, aos maus hábitos, aos prazeres mundanos e às ambições

egocêntricas.
.
.

Sim, a trilha que conduz à evolução, ao progresso anímico, é

árdua, dificílima, motivo por que deve ser palmilhada

cuidadosamente, tais e tantos são os acidentes que lhe surgem à

esquerda e à direita.

Mas, assim como os caminhantes que demandavam Jerusalém,

após vencerem o penoso aclive, chegavam a penates, onde

encontravam o descanso e a alegria no convívio familiar, assim

também, quantos atinjam a meta de seus destinos: a perfeição,

libertam- se da cadeia dos renascimentos neste “vale de lágrimas”,

para ascenderem à glória da vida espiritual e fruírem, lá, a paz e a

felicidade reservadas aos justos.

Porfiemos, pois, por manter-nos no bom caminho!

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