“Qualquer, pois, que violar um destes mínimos mandamentos
e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no Reino dos
Céus; mas, o que os guardar e ensinar a guardá-los, esse será
reputado grande no Reino dos Céus.
” (Mateus, 5:19.
)
Mandamentos são os princípios éticos transmitidos por Deus
aos homens de todos os tempos, por meio de emissários chamados
profetas.
Foram sintetizados no Decálogo, o qual Jesus não veio
derrogar, mas sim aperfeiçoar.
Efetivamente, no Sermão da Montanha, várias vezes, após usar
a expressão “ouvistes o que foi dito aos antigos”, o Mestre
acrescentava: “eu, porém, vos digo”, e entrava a expor novos
preceitos, novas normas de conduta, de molde a conduzir-nos a
uma justiça mais perfeita, assim como ao exercício da
misericórdia e da fraternidade universal, sentimentos esses quase
desconhecidos até então.
É que, trabalhados pelas existências sucessivas, estávamos já
em condições de, a par da observância das regras proibitivas do
Decálogo (não adorar imagens, não pronunciar o nome do Senhor
em vão, não matar, não cometer adultério, não roubar, não
testemunhar falso, não desejar a mulher do próximo, não cobiçar
as coisas alheias etc.
), iniciarmos uma fase mais elevada de
aprendizado, qual seja a de “amar o próximo como a nós mesmos”
e “fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos
fizessem”.
Respeitar, pois, esses mandamentos e explicá-los à
Humanidade, para que todos saibam conduzir-se com acerto,
fazendo aos outros somente o Bem (tal como o desejam para si
mesmos), a fim de que a Terra venha a ser um mundo feliz e não
este “vale de lágrimas” onde as dores e as aflições sobrelevam as
alegrias, constitui dever de quantos tenham perlustrado as páginas
sublimes do Evangelho.
Lamentavelmente, porém, apesar de contarmos quase vinte
séculos de “cristianismo”, a lídima moral cristã continua ignorada
(e por isso descumprida), substituída que foi por uma série de
teorias esdrúxulas, confusas e contraditórias, engendradas pela
Teologia, teorias que só têm lançado a confusão entre os homens,
obstando a que se aproximem, se estimem e se estendam as mãos.
E o pior disso tudo é que, contrariando frontalmente a
recomendação do Cristo, no texto em epígrafe, muitas igrejas que
se acreditam assistidas pelo Espírito Santo, além de se omitirem
no trabalho de edificação da Humanidade, acenam-lhe com a
salvação exclusivamente pela adesão a esta ou àquela regra de fé,
ou pela simples submissão a determinados sacramentos, chegando
algumas ao cúmulo de ensinar que as boas obras, ou seja, o
espírito de serviço, pregado e exemplificado por Jesus, nada
valem ou são de somenos importância aos olhos de Deus!
Com tais doutrinas, essas igrejas, evidentemente, longe de
contribuírem para que os homens busquem aprimorar seu caráter,
num esforço diuturno por desvencilhar-se de suas fraquezas e
inferioridades, levam-nos a uma completa acomodação com as
misérias deste mundo, tornando-os indiferentes aos ideais
superiores pelos quais devem viver quantos almejem a glória de
ser cristãos.
Com efeito, se no campo da Física é preciso o emprego da força
para vencer a inércia, como há de a Humanidade sair do marasmo
espiritual em que se encontra, sem um forte estímulo para o bem,
sem que a façam ciente e consciente de sua responsabilidade
pessoal e que “a cada um será dado segundo as próprias obras”?
Meditemos seriamente sobre isso, porquanto, qual seja nossa
maneira de proceder e de orientar nossos irmãos no tocante ao
necessário cumprimento da Lei, tal será nossa sorte nos planos da
espiritualidade.